terça-feira, 13 de julho de 2010

Morales quer resolver questões pendentes com Chile

O presidente da Bolívia, Evo Morales, reiterou nesta terça-feira (13) a intenção de seu país resolver os "tantos problemas pendentes" que mantém com o Chile, independentemente das diferenças políticas entre os Executivos das duas nações.
O mandatário referia-se às questões marítimas que, segundo ele, precisam de uma solução. A Bolívia solicita ao Chile o acesso soberano ao Pacífico, perdido na guerra de 1879.
Com a liderança da esquerdista Michelle Bachelet, o governo de Morales conseguiu avançar nesta solicitação, dando início a uma agenda de 13 pontos -- entre os quais a demanda pela saída ao mar. Contudo, o atual Executivo chileno, do empresário Sebastián Piñera, poderia não dar continuidade às discussões, em decorrência das divergências ideológicas.
Para Morales, esse é "um debate profundo" nos marcos de uma negociação que "requer tempo" e a possibilidade de definir "uma mudança de rota para marcharem juntos no caminho".
Ele argumentou ainda que a Constituição do país, aprovada em 2009, determina que "a solução efetiva para o entrave marítimo por meios pacíficos e o exercício pleno da soberania sobre este território constituem objetivos permanente e irrenunciáveis do Estado boliviano".
Por outro lado, o presidente aceitou que há dificuldades para resolver "uma demanda histórica que vem de um conflito bélico".
Morales falou hoje à imprensa sobre a retomada do diálogo bilateral que Bolívia e Chile mantêm desde 2006 por meio de seus vice-chanceleres, na tentativa de conquistar uma confiança recíproca.
Hoje, os vice-chanceleres da Bolívia, Mônica Soriano, e do Chile, Fernando Schmidt, discutiam sobre diversas questões diplomáticas, entre as quais a reivindicação boliviana. Por outro lado, o governo chileno já demonstrou recentemente não estar disposto a falar sobre isso.
Fontes vinculadas à reunião afirmaram que o Chile pode propor à Bolívia o acesso a um porto em Iquique, ainda que sem soberania, e a possibilidade de restabelecer o serviço ferroviário entre Arica e La Paz.
Segundo Morales, "às vezes só vemos a questão do mar", que apesar de "ser uma demanda permanente", "estará também a caminho", e é preciso avançar para resolver outros problemas e gerar confiança mútua com o objetivo de um eventual restabelecimento das relações, rompidas em 1978.
Santiago e La Paz mantiveram um breve período de normalidade dos vínculos durante o regime militar, quando os ditadores Hugo Banzer e Augusto Pinochet negociaram uma troca territorial a partir da demanda boliviana de acesso marítimo soberano sobre a linha da Concórdia que o Chile expulsou em seu tratado de 1929 com o Peru.
Morales também afirmou hoje que está "seguro de que estas reuniões obterão resultados para resolver tantos problemas pendentes entre países vizinhos e irmãos que se necessitam mutuamente", respeitando suas diferenças "culturais, ideológicas ou econômicas".
Ele destacou ainda como uma vantagem que se tenha conquistado um clima "de confiança de presidente para presidente, de governo para governo", inclusive em nível institucional, "entre as forças armadas", exemplificou.
Fonte - DCI

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