Sucre, Bolívia: 280 mil habitantes, 2.750 metros de altitude, 472 anos de história. A exatidão dos números explica muito, mas descreve pouco. A Cidade Branca, como é carinhosamente chamada por seus moradores, constitui, talvez, uma das experiências mais intensas que o turista pode ter na terra de Evo Morales.
A paisagem é única: casarões que, apesar da fachada austera, escondem pátios espaçosos, decorados por fontes e imponentes colunas. Praças onde estátuas de heróis da pátria, em pose de desmedida soberba, dividem a paisagem com mulheres indígenas de saias coloridas e longas tranças. E igrejas cuja estrutura, com seus relógios a apontar o andar vagaroso de mais um novo dia, conseguem transportar o visitante a longínquos séculos passados.
Sucre é assim: coloca as pessoas frente a frente com o tempo. A história, na cidade, é confrontada a cada esquina. E dá a Bolívia, país (merecidamente) considerado exótico por todo o tipo de forasteiro, novas dimensões: a de uma nação que, não obstante os erros e derrotas, sempre quis trilhar seu próprio caminho.
A cidade é aclamada como um dos berços da liberdade latino-americana: foi o lugar do surgimento, no começo do século 19, de grupos políticos que, aproveitando o caos causado pela deposição, por Napoleão Bonaparte, da monarquia espanhola, começaram a clamar pela emancipação das colônias na América. Eles teriam sido os precursores dos movimentos que lutariam, de forma exitosa, pela independência do continente nos anos seguintes.
Com a Espanha fora de jogo, Sucre seria palco de outro evento crucial para os rumos da região: a assinatura da ata que criou, em agosto de 1825, a nação chamada Bolívia. Alçada à condição de capital do país, e batizada em homenagem ao marechal Antonio José de Sucre (companheiro de Simón Bolívar e um dos principais heróis da campanha de independência), a cidade abrigaria o gabinete presidencial até o fim do século 19 - quando, por razões estratégicas, e sob o peso de uma guerra civil, a sede do poder foi transferida a La Paz.
A trajetória de Sucre sempre deu voltas. Orgulhosa de sua história libertária, a cidade é, também, um dos mais lindos exemplos de urbe colonial na América do Sul. Fundada pelos espanhóis em 1538, a então vila de La Plata (como foi inicialmente batizada) ganhou importância quando, nos anos 1540, descobriu-se uma quantidade absurda de prata em terras vizinhas (o futuro município de Potosí).
Ato contínuo, as autoridades espanholas instalaram na vila a Real Audiencia de Charcas, uma das mais importantes instituições jurídicas do continente. Prestigiados centros de ensino e a presença maciça da igreja viriam a reboque. E Sucre tomaria a forma de joia cuidadosamente lapidada que preserva até hoje.
Embora não detenha mais a honra (ou o ônus, a depender o ponto de vista) de abrigar os poderes executivo e legislativo do país, o município ainda é a capital constitucional da nação e abriga órgãos como a Corte Suprema de Justiça. Também foi eleito, pela Unesco, em 1991, Patrimônio Cultural da Humanidade. Uma caminhada por suas ruas, vielas e parques não será apenas um passeio por uma das mais impressionantes cidades da América do Sul, mas um profundo mergulho na história boliviana.
Fonte - Olhar Direto
A paisagem é única: casarões que, apesar da fachada austera, escondem pátios espaçosos, decorados por fontes e imponentes colunas. Praças onde estátuas de heróis da pátria, em pose de desmedida soberba, dividem a paisagem com mulheres indígenas de saias coloridas e longas tranças. E igrejas cuja estrutura, com seus relógios a apontar o andar vagaroso de mais um novo dia, conseguem transportar o visitante a longínquos séculos passados.
Sucre é assim: coloca as pessoas frente a frente com o tempo. A história, na cidade, é confrontada a cada esquina. E dá a Bolívia, país (merecidamente) considerado exótico por todo o tipo de forasteiro, novas dimensões: a de uma nação que, não obstante os erros e derrotas, sempre quis trilhar seu próprio caminho.
A cidade é aclamada como um dos berços da liberdade latino-americana: foi o lugar do surgimento, no começo do século 19, de grupos políticos que, aproveitando o caos causado pela deposição, por Napoleão Bonaparte, da monarquia espanhola, começaram a clamar pela emancipação das colônias na América. Eles teriam sido os precursores dos movimentos que lutariam, de forma exitosa, pela independência do continente nos anos seguintes.
Com a Espanha fora de jogo, Sucre seria palco de outro evento crucial para os rumos da região: a assinatura da ata que criou, em agosto de 1825, a nação chamada Bolívia. Alçada à condição de capital do país, e batizada em homenagem ao marechal Antonio José de Sucre (companheiro de Simón Bolívar e um dos principais heróis da campanha de independência), a cidade abrigaria o gabinete presidencial até o fim do século 19 - quando, por razões estratégicas, e sob o peso de uma guerra civil, a sede do poder foi transferida a La Paz.
A trajetória de Sucre sempre deu voltas. Orgulhosa de sua história libertária, a cidade é, também, um dos mais lindos exemplos de urbe colonial na América do Sul. Fundada pelos espanhóis em 1538, a então vila de La Plata (como foi inicialmente batizada) ganhou importância quando, nos anos 1540, descobriu-se uma quantidade absurda de prata em terras vizinhas (o futuro município de Potosí).
Ato contínuo, as autoridades espanholas instalaram na vila a Real Audiencia de Charcas, uma das mais importantes instituições jurídicas do continente. Prestigiados centros de ensino e a presença maciça da igreja viriam a reboque. E Sucre tomaria a forma de joia cuidadosamente lapidada que preserva até hoje.
Embora não detenha mais a honra (ou o ônus, a depender o ponto de vista) de abrigar os poderes executivo e legislativo do país, o município ainda é a capital constitucional da nação e abriga órgãos como a Corte Suprema de Justiça. Também foi eleito, pela Unesco, em 1991, Patrimônio Cultural da Humanidade. Uma caminhada por suas ruas, vielas e parques não será apenas um passeio por uma das mais impressionantes cidades da América do Sul, mas um profundo mergulho na história boliviana.
Fonte - Olhar Direto
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