A não ser que ocorra um cataclisma político, em 3 de outubro Dilma Rousseff será eleita a próxima presidente do Brasil. Graças ao apoio do altamente popular Luiz Inácio Lula da Silva, a tecnocrata de 62 anos de idade deverá esmagar seu único rival sério, José Serra do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Ela enfrentou um susto quando membros de seu Partido dos Trabalhadores (PT) foram implicados no acesso não autorizado das declarações de renda da filha do sr. Serra e do vice-presidente do partido dele, entre outros. Mas não há provas do envolvimento [de Dilma]. As últimas pesquisas dão a ela metade dos votos.
Com o resultado das eleições presidenciais parecendo definido, a atenção está se voltando para as disputas locais e legislativas que vão determinar a força do próximo governo. Todos os governos estaduais e as vagas na câmara baixa do Congresso estão em jogo, assim como dois terços do Senado.
A sombra de Lula se projeta sobre essas disputas, também. Candidatos do PT e de aliados estão promovendo o apoio de Lula. Mesmo alguns supostos apoiadores de Serra estão falando bem do presidente ao mesmo tempo em que evitam mencionar seu candidato. Espantosamente, o sr. Serra também tentou fazer isso. No mês passado ele mostrou comerciais com imagens de arquivo dos dois juntos. “Serra e Lula, dois homens com história, dois líderes experientes”, dizia a narração.
As eleições legislativas são fáceis de prever. Desde o retorno da democracia em 1985, a fatia do PT no número de deputados federais acompanha a preferência pelo partido, nota Alberto Almeida, um consultor político. O PT tem agora 79 das vagas na Câmara de 513 deputados e 19 dos 81 mandatos no Senado e tem dependido de uma coalizão grande e fraccionada. Se o padrão histórico for mantido, poderia ganhar 130 lugares na câmara baixa e controlar 390 através de parceiros. Sua coalizão ficaria a apenas alguns senadores dos 60% necessários para emendar a constituição. Isso daria à sra. Rousseff o governo mais forte desde o fim da ditadura.
As disputas pelos governos são mais complexas. Os brasileiros votam de formas diferentes em eleições locais ou nacionais. Em São Paulo, o sr. Serra foi um prefeito e um governador popular. Geraldo Alckmin do PSDB, que perdeu a última eleição presidencial para Lula, deveria vencer fácil para governador.
Além disso, escândalos de corrupção marcaram muitas disputas. Uma nova lei que barra políticos que forem acusados de corrupção pode desqualificar alguns candidatos. Roseana Sarney, a filha de um ex-presidente e contendora pelo governo do Maranhão, no Nordeste, teve de defender sua candidatura nos tribunais eleitorais.
Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, o estado mais sulista do Brasil, um alegado esquema de superfaturamento envolvendo um banco estadual pode afetar a campanha de Yeda Crusius, do PSDB, pela reeleição. No dia 2 de setembro a polícia encontrou — e fotografou — moedas de vários países no valor de cerca de 3,4 milhões de reais. Estas imagens influenciam eleitores mais do que crimes menos fotogênicos, diz David Fleischer, da Universidade de Brasília. Independentemente de como as eleições estaduais ocorram, no entanto, os políticos nacionais de um país federativo e vasto como o Brasil estão acostumados a fazer acordos com os governadores por sobre as linhas partidárias.
A maior dificuldade para o poder da sra. Rousseff parece vir de dentro. Ela entrou no PT apenas em 2001 e não ascendeu dentro do partido: sua candidatura foi imposta por Lula. O principal aliado na coalizão do PT já está falando em ministérios e benesses. Com mais vagas no Congresso e um líder mais fraco que seu predecessor, o próximo governo pode parecer mais forte no papel do que na prática.
The Economist
Com o resultado das eleições presidenciais parecendo definido, a atenção está se voltando para as disputas locais e legislativas que vão determinar a força do próximo governo. Todos os governos estaduais e as vagas na câmara baixa do Congresso estão em jogo, assim como dois terços do Senado.
A sombra de Lula se projeta sobre essas disputas, também. Candidatos do PT e de aliados estão promovendo o apoio de Lula. Mesmo alguns supostos apoiadores de Serra estão falando bem do presidente ao mesmo tempo em que evitam mencionar seu candidato. Espantosamente, o sr. Serra também tentou fazer isso. No mês passado ele mostrou comerciais com imagens de arquivo dos dois juntos. “Serra e Lula, dois homens com história, dois líderes experientes”, dizia a narração.
As eleições legislativas são fáceis de prever. Desde o retorno da democracia em 1985, a fatia do PT no número de deputados federais acompanha a preferência pelo partido, nota Alberto Almeida, um consultor político. O PT tem agora 79 das vagas na Câmara de 513 deputados e 19 dos 81 mandatos no Senado e tem dependido de uma coalizão grande e fraccionada. Se o padrão histórico for mantido, poderia ganhar 130 lugares na câmara baixa e controlar 390 através de parceiros. Sua coalizão ficaria a apenas alguns senadores dos 60% necessários para emendar a constituição. Isso daria à sra. Rousseff o governo mais forte desde o fim da ditadura.
As disputas pelos governos são mais complexas. Os brasileiros votam de formas diferentes em eleições locais ou nacionais. Em São Paulo, o sr. Serra foi um prefeito e um governador popular. Geraldo Alckmin do PSDB, que perdeu a última eleição presidencial para Lula, deveria vencer fácil para governador.
Além disso, escândalos de corrupção marcaram muitas disputas. Uma nova lei que barra políticos que forem acusados de corrupção pode desqualificar alguns candidatos. Roseana Sarney, a filha de um ex-presidente e contendora pelo governo do Maranhão, no Nordeste, teve de defender sua candidatura nos tribunais eleitorais.
Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, o estado mais sulista do Brasil, um alegado esquema de superfaturamento envolvendo um banco estadual pode afetar a campanha de Yeda Crusius, do PSDB, pela reeleição. No dia 2 de setembro a polícia encontrou — e fotografou — moedas de vários países no valor de cerca de 3,4 milhões de reais. Estas imagens influenciam eleitores mais do que crimes menos fotogênicos, diz David Fleischer, da Universidade de Brasília. Independentemente de como as eleições estaduais ocorram, no entanto, os políticos nacionais de um país federativo e vasto como o Brasil estão acostumados a fazer acordos com os governadores por sobre as linhas partidárias.
A maior dificuldade para o poder da sra. Rousseff parece vir de dentro. Ela entrou no PT apenas em 2001 e não ascendeu dentro do partido: sua candidatura foi imposta por Lula. O principal aliado na coalizão do PT já está falando em ministérios e benesses. Com mais vagas no Congresso e um líder mais fraco que seu predecessor, o próximo governo pode parecer mais forte no papel do que na prática.
The Economist
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